Em busca da felicidade: Filosofia x Bíblia
O filósofo Baruch Espinosa, de família
judia, desenvolveu toda a sua filosofia em cima da pergunta básica de todo o
mundo: O que é a felicidade?
De acordo com o filósofo, felicidade é
a potência de agir, onde a virtude é a força para agir segundo nossa própria
natureza. Para Espinosa, Deus é a própria natureza, uma crença panteísta, e
seus maiores atributos é a matéria e o pensamento, sendo que nós, os seres
humanos, somos parte destes dois atributos. Para o pensador, de acordo com as
condições corretas, somos capazes de criar e pensar corretamente.
O que Espinosa fala é que podemos fazer
excelentes escolhas com a razão e a emoção trabalhando juntas, para que os
melhores encontros aconteçam, sendo afetados pelo pensamento certo que faz
aumentar a nossa potência de agir.
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE FELICIDADE?
Encontramos ao longo de toda a
Escritura várias citações sobre a importância do conhecimento e da sabedoria
para o temor do Senhor, assim levando ao homem a uma maior intimidade e
realização pessoal e espiritual com o Criador, gerando assim o bem estar, o
sentido para a vida através de um propósito bem definido no plano de Deus.
Eu posso citar várias passagens, mas
vamos trazer o Salmo 1 para entender um pouco mais sobre a Palavra de Deus (ver no quadro abaixo). De acordo com os versículos de 1 a 3,
meditar na Lei do Senhor faz o homem ser feliz e em tudo o que ele faz dá certo.
Ou seja, temer e seguir a Palavra de Deus nos ensina a viver com propósito e
ter um sentido na vida. Em contraponto, aqueles que não praticam a Palavra,
além de não viverem bem ainda serão julgados mediante seus atos de
desobediência.
Na primeira carta aos corintos, o
apóstolo nos apresenta uma transformação da vida através da renovação da mente
em Cristo. Assim, com os pensamentos voltados para o Criador, tudo a nossa
volta não nos influencia, afirma Paulo (Rm 12:2).
Podemos concluir que segundo a
filosofia de Baruch Espinosa, a razão e a emoção juntas, ou seja, nossos atos e
pensamentos quando trabalhados lado a lado, nos ajuda a viver encontros alegres
e virtuosos, no qual a felicidade nos leva a Deus. Ora, a filosofia de
Espinosa, nos remete a felicidade direta a Deus, porém, deixa a desejar, quando
excluímos o livre arbítrio, pois somos dotados por vontades que não coincidem
com a vontade de Deus e nos levam a errar.
Para o pensador, Deus está na natureza
e nós fazemos parte dessa essência. Porém, como cristãos, entendemos que Deus é
o criador de toda a natureza e nós somos feitos à sua imagem e semelhança. Logo,
não podemos ser inanimados como a natureza e nem tampouco viver uma essência
seguida apenas de razão e emoções, pois nós somos templo e habitação do Espírito
de Deus. Assim, o homem é constituído de razão, alma (emoções) e espírito.
“Quem não tem o Espírito não aceita as
coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de
entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual
discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois ‘quem
conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?’ Nós, porém, temos a
mente de Cristo” (1 Co 2:14-16).
Precisamos entender que viver em busca
da felicidade não é apenas pensar na vida, pois somos muito mais do que simples
criações e necessidades da mente do homem. Somos criação de Deus, e não
pautados por meras filosofias. Elas nos ajuda, mas não define quem realmente
somos. Fica a dica.
Baruch de Espinoza (24 de
novembro de 1632, Amsterdã – 21 de fevereiro de 1677, Haia) Foi um dos grandes
racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente
com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos,
no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do
criticismo bíblico moderno.
"Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa". (Espinoza, Ética)
Salmo 1 : A verdadeira felicidade
1 Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!
2 Pelo contrário, o prazer deles está na lei do Senhor, e nessa lei eles meditam dia e noite.
3 Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
4 O mesmo não acontece com os maus; eles são como a palha que o vento leva.
5 No Dia do Juízo eles serão condenados e ficarão separados dos que obedecem a Deus.
6 Pois o Senhor dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem, porém o fim dos maus são a desgraça e a morte.
Márcia Morais
Especialização em Psicologia Pastoral e Aconselhamento Cristão, Bacharel em Teologia com ênfase em Judaismo Messiânico e pós graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica
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